quinta-feira, 29 de março de 2012

02.04.2012- SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA
TEXTOS: Isaías 42, 1-7/ Salmo 26/ Ev. De João 12, 1-11:
Toda a humanidade foi atingida pela Salvação: “quando Eu for levantado atrairei todos a Mim”
Caríssimos (as): Estamos em plena Semana Santa quando intensificamos a celebração do mistério pascal: adentramos mais e mais no mistério da Paixão e morte de Jesus e nossa Salvação. Façamos de modo a não levantar vôo, mas a manter os pés bem colados no chão da nossa realidade, onde a salvação deve produzir “os frutos que permanecem” (Jo 15,16). Os textos sagrados vêem nos ajudar a refletir sobre isso: no 1º dos quatro cantos do Servo de Javé, Isaías diz que o Servo de Javé recebeu a unção para promover o direito e a justiça para o povo; ele promoverá o julgamento das nações a fim de obter a verdade. O Servo foi constituído para ser o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.
Nestas palavras o profeta Isaías deixa claro a universalidade da salvação: o povo de Israel é esse Servo Sofredor, um instrumento escolhido por Deus para levar a Salvação a todas as nações. E a salvação tem necessariamente implícita uma dimensão de libertação social. Os evangelistas interpretaram, no tempo de Jesus (cerca de 700 anos depois de Isaías!), como sendo Jesus a “encarnação” daquela figura do Servo/povo/sofredor de Javé. Neste trecho lido hoje do evangelho de João notamos já uma parte do conflito que se estabeleceu entre judeus e Jesus. Jesus com sua obra libertadora do povo (curava os doentes, despertava a esperança nos fracos e oprimidos, consolava os desanimados, etc.) acabou desse modo despertando um forte ciúme e inveja nas lideranças religiosas e sociais dos judeus, a ponto de tramarem sua morte. Isso implicava, certamente, o fato também de que a multidão que começava a seguir Jesus deixava de contribuir com os dízimos e ofertas dados num templo, em Jerusalém, cuja religião praticada aí não libertava as pessoas (era, pelo contrário como as talhas secas do milagre da transformação da água em vinho: João, capítulo 2. Qualquer semelhança com alguma situação da nossa realidade atual “terá sido mera coincidência” (e para quem tem dificuldade em entender, vamos “desenhar”: “apóstolo” Waldomiro versus “bispo” Macedo). (Obs.: sei que toda comparação é muito deficiente; aqui Jesus não se identifica com nenhum desses lados...).
Interessante é contemplarmos Jesus em sua condição humana: um Jesus tão humano até ao ponto de permitir que Maria, a irmã de Marta e Lázaro, fizesse com ele esse ritual erótico da unção dos pés e o enxugamento com seus cabelos, utilizando ½ litro de perfume caríssimo! O que provocou “indignação” no ladrão Judas Iscariotes, o mesmo que, depois, “vendeu” Jesus por 30 moedas! Mas aí, Jesus aproveitou a ocasião para dizer uma verdade que acontece ainda hoje, depois de dois milênios: a comunidade dos seus seguidores é formada principalmente pelos pobres e são eles os mais abertos para o acolhimento e a assistência solidária.
Procuremos guardar o silêncio desta Grande Semana, tão propício para celebrarmos bem, interiorizando o mistério que nos salva, e desse modo alcançar força da Paixão de Cristo! Assim poderemos também nos empenhar mais na mesma luta por cuja causa Jesus morre ainda hoje!
− Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!...
[Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

01-04-2012: DOMINGO DE RAMOS OU DA PAIXÃO DE CRISTO:

Textos: 1º ev.: Marcos 11,1-10/ Is 50,4-7/ Sl 21/ Fl 2,6-11/ 2º evang.: Marcos 15,1-39;

 HUMILHOU-SE ATÉ À MORTE DE CRUZ!


Caríssimos irmãos e irmãs: Iniciamos, hoje, a Semana Santa, quando contemplamos Jesus espezinhado, oprimido e desprezado pelo poder do mal, entregue à morte por nossa salvação. Jesus, o Servo Sofredor, “sintetiza” em Si todo sofrimento humano. Vemos que a dor da humanidade é enorme... Agora é tempo de comunhão e solidariedade com Jesus e em Jesus, pois Ele “carregou sobre si nossas dores” e por isso conferiu um sentido ao sofrimento humano. Sem comunhão com Jesus o sofrimento é apenas estoicismo/masoquista ou algo absurdo.
Ao contemplarmos Jesus e entrarmos em comunhão com Ele estaremos entrando na História da Salvação e Libertação da Humanidade. Deus convida-nos a tomar parte nesta história como agentes, como discípulos missionários; se fizermos isso não vamos permitir que o pecado que levou Jesus à morte e ainda destrói tantas vidas invada o nosso ser e o nosso agir. Procuremos ser solidários com Jesus e não cúmplices do sistema perverso que O matou. Jesus, encarnando a figura do Servo Sofredor apresentada por Isaías, resiste mesmo sendo flagelado e espezinhado. Ele confia no Pai porque sabe que o Pai está do seu lado: por isso resiste firme até doar sua vida em resgate por muitos. Jesus é o servo fiel que dedicou sua vida para libertar e consolar os oprimidos.
São Paulo a fim de dar uma lição de humildade aos filipenses, que disputavam posições de privilégio na comunidade e eram ciumentos, então fala da humilhação que significou para Jesus a encarnação: “esqueceu” sua condição divina e assumiu a condição de escravo, ou seja, a nossa humanidade escravizada pelo pecado. Mas porque Jesus se fez obediente ao projeto do Pai até à morte, o Pai o elevou, glorificando-O, porque O ressuscitou da morte. Jesus desse modo protagoniza aquilo que Ele mesmo dissera: “quem se humilha será exaltado” (Lucas 14,11).
S.. Marcos é o evangelista que relata a Paixão de Jesus da maneira mais violenta e cruel: Jesus nos é apresentado em toda sua fragilidade humana, entregue à solidão e à angústia. Mas na sua morte nos é manifestada sua divindade quando o centurião romano disse: “verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. É interessante notar isso porque todo o evangelho de Marcos foi elaborado em cima do questionamento sobre a identidade de Jesus (Quem é Jesus?): essa pergunta foi respondida no final, no desfecho de sua vida, não por um judeu (povo de Jesus), mas por um centurião romano, ou seja, um estrangeiro!
Diante de Jesus crucificado não podemos ficar indiferentes: como aquele centurião romano, façamos nós também nossa confissão de fé: verdadeiramente este homem é filho de Deus! E que em cada eucaristia que celebramos reiteremos nossa solidariedade com Jesus, e procuremos ser engajados cada vez mais na luta contra o pecado; e na comunidade sejamos comprometidos na luta em pról da melhoria da saúde pública do Brasil. – Louvado seja N.S. J. Cristo! –[pe. Celso Nilo Luchi].
31.03.2012-Sábado da 5ª semana da Quaresma:
Santos:       
Textos: Ezequiel 37, 21-28/ Jr 31, 1013/ João 11, 45-56:           

Tema: Um povo unido não pode ser vencido               

Caríssimos irmãos e irmãs: No tempo forte das Comunidades eclesiais de base (Cebs), costumávamos cantar uma canção que dizia: “o povo unido jamais será vencido”! Mas depois que o papa encarregou o famoso cardeal José Ratzinger de “jogar um balde de água gelada” em cima e esfriou tudo... agora as CEBs mal mostram a cara pra bater. Mesmo que o tempo das CEBs parece ter passado, essa canção afirmou uma verdade que não pode ser desmentida. Reparemos que todo ditador ou sistema ditatorial procura gerar divisão, baseado na velha idéia “divide e reina”.
Hoje assistimos no nosso velho mundo, uma carência de lideranças e de bandeiras: as pessoas falam em respeitar os outros e unir forças, etc. Mas se esquecem, muitas vezes, de levantar uma bandeira; unir forças para quê, exatamente? Quando existe uma bandeira, quem a levanta, se vê obrigado a carregá-la sozinho, num deserto; a menos que a causa seja algo profano ou do mundo paganizado...
Na Igreja, vejo muitas pessoas “olhando pro céu” como os discípulos no dia da ascensão de Jesus, esperando que ele volte para resolver a situação, às vezes, até bem caótica... tem gente esperando que Deus traga tudo prontinho na bandeja... Eu, pelo contrário, penso que Deus já fez a parte dele e agora espera que nós façamos a nossa! E se não estivermos dispostos a fazer a nossa parte vamos nos danar... porque Deus não fará por nós e por ninguém aquilo que Ele “delegou” para que nós fizéssemos. Procuremos nos unir em torno de objetivos claros: assim teremos forças para lutar e conquistarmos vitória sobre vitória, na realização crescente do Reino de Deus. Jesus está do nosso lado, cumpre-nos estarmos com ele, para ajuntarmos com ele; do contrário vamos dispersar, sem ele. E todos sairão perdendo. As autoridades judaicas decidiram matar Jesus para dispersar o povo. Mas o Deus que ressuscitou Lázaro, ressuscitou a Jesus também; isso porque a última palavra quem tem é nosso Deus, o Deus da vida!
No contexto da campanha da fraternidade (Saúde pública), aqui em Vitória, no momento, a urgência é assinar o abaixo-assinado que corre reinvindicando do governo federal manter o compromisso e a responsabilidade de manter a verba do SUS e a parceria com o Hospital Sta. Rita de Cássia (referência no tratamento do câncer em todo o estado); se os pobres não se organizam, vamos todos sair perdendo: mal assistidos nos “CRE” da vida, nas periferias desassistidas...
Que Jesus ressuscitado/apaixonado por nós nos dê sua força nesta luta!
−Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
[Colaboração: Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
30.03.2012-6ª feira da 5ª semana da Quaresma: 
Santos do dia:  Régulo/ Donino/João Clímaco;
Textos: Jeremias 20, 10-13/ Salmo 17/ João 10, 31-41:
                     Tema: Qual o Deus da nossa confiança?                    
Caríssimos: a semana santa se aproxima rapidamente, pois o tempo foge! E o evangelho de hoje mostra mais um capítulo da polêmica de S. João com os judeus por causa de Jesus. O problema de fundo ainda não foi resolvido: que Deus é o meu? Qual é o seu Deus? Qual é o nosso Deus? Quando vejo uma parcela do povo de Deus toda escrachada e sem pudor no vestir, freqüentando nossas igrejas, mal comportada nas atitudes, nos atos... me pergunto qual é o Deus que teem essa gente na cabeça? Seria um Deus que aceita tudo, pois pra Ele vale tudo? Mas quando essas seitas que “pululam” feito cogumelo nos troncos podres, logo após a chuvarada, com todo moralismo possível, proibindo isso e mais aquilo, tolhendo a liberdade das pessoas ingênuas que se oferecem para serem dominadas, então fico pensando que ali “subjaz” uma imagem de Deus “juiz intolerante” e “castrador” da liberdade humana... Até dentro do catolicismo tem gente assim! Interessante neste evangelho que São João não diz que todos acolheram Jesus, mas que “muitos o acolheram”. E ainda:  “que muitos, ali, acreditaram nele”. Isso quer dizer, pra mim, que uma parcela do povo rejeitou Jesus e ainda O rejeita! O famoso Raimundo Lúlio (1232-1316) dizia “Chora, porque a fé está mais desonrada que honrada” (Mil provérbios, Da fé, n. 14).
Cabe a nós hoje, assumirmos a missão recebida no dia do nosso batismo e nos empenharmos a levá-la a sério: desse modo pertencemos à porção do povo de Deus que é fiel a Deus e discípula missionária de Jesus. Ele nos leva ao Pai, pois nos prometeu isso; “não lançarei fora” os que o Pai me deu, mas que os devolveria ao Pai! Tanto Jeremias quanto Jesus resistiram às adversidades e venceram, fiéis ao projeto de Deus até o fim. Exemplos para nós hoje: não desanimemos, mas vamos cumprir a missão que o Pai nos deu na fidelidade até o fim. A força é o próprio Jesus que nos dá.
− Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
[Colaboração: Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

29.03.2012-Quinta-feira da 5ª Sem.da Quaresma:
Santos: Jonas/ Eustácio/ Secundo.
Textos: Gênesis 17, 3-9/ Sl. 104/ João 8, 51-59;
Tema: Deus é fiel
Caríssimos irmãos e irmãs: Às vezes, nos deparamos com essa frase, nos pára-choques de automóveis: Deus é fiel! Uma frase que expressa o óbvio; perguntaria porque há essa necessidade de afirmar o óbvio? Por acaso, Deus haveria de não ser fiel? Acontece, no entanto, que tem gente que se esquece até do óbvio! O Deus que permanece imutável, e, portanto fiel, pediu a Abraão que também fosse fiel: “Guarda a minha Aliança, tu e a tua descendência para sempre”. E o Deus fiel cumpre suas promessas! Penso que a idéia de afirmar a fidelidade de Deus, indiretamente, nos apela a sermos fieis também.
São João nos mostra um Jesus que polemiza com os judeus... gente de cabeça dura, que Jesus chegaria até mesmo a chamá-los de mentirosos. Quando Jesus disse que antes que Abraão existisse, “eu sou”, então a irritação daquela gente chegou ao máximo e tentaram apedrejá-lo, sem conseguir, contudo; isso porque “a hora“ de Jesus ainda não tinha chegado, ou seja, “sua hora” não estava na hora!... Abraão é nosso pai na fé, o pai de uma imensa descendência, porque se abriu ao apelo de Deus e se comprometeu com Deus numa missão de enorme responsabilidade em favor do seu povo. E aquele povo convocado por Deus era um povo livre e unido.
Hoje somos nós o novo povo de Deus enraizado no Cristo. Nossas infidelidades e nosso pecado enfraquecem nossa fé, gerando divisões entre nós. Nosso velho mundo está cansado de maus exemplos, escândalos, má vontade das classes dirigentes, do poder econômico insaciável, da cobiça, etc. sejamos nós cristãos maduros e mais aderidos ao Cristo. Busquemos com sinceridade e sem “respeito humano” nossa conversão, nesta Quaresma. Só bem convertidos poderemos celebrar pra valer a Santa Páscoa! E dar nossa necessária contribuição à construção do Reino de Deus entre nós.
− Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
[Contrib.: Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

sexta-feira, 23 de março de 2012

5º Domingo da Quaresma – 25.03.2012 – Ano B – Ev. Marcos:
Textos: Jeremias 31, 31-34/ Sl 50 (51)/ Hebreus 5, 7-9/
São João 12, 20-33: Morte e glorificação;
Tema: A Hora “H” de Jesus:
Caríssimos irmãos e irmãs: O evangelho deste domingo expressa a hora de Jesus, isto é, o momento decisivo de sua vida quando no confronto com as forças opostas ao Reino de Deus, ele morre porque decide entregar sua vida: tentativas anteriores de matar Jesus foram frustradas porque não havia chegado sua hora: isso quer dizer aquele momento da entrega mais generosa de vida que o mundo já viu acontecer, ou que um ser humano ousasse fazer; pois Jesus, o Filho de Deus encarnado, se tornou um de nós, bem humano como expressou o autor da carta aos hebreus; ele fez isso por nosso amor. E, portanto, ao morrer entregou seu espírito ao Pai que o devolveu para nós. É o cumprimento da profecia de Jeremias 31: os judeus haviam feito promessas de cumprir a Aliança, mas não foram capazes de realizar isso. Agora, nós que recebemos do Espírito de Jesus, já no nosso batismo e sucessivamente na vida sacramental, temos a oportunidade de reforçar e aumentar nosso compromisso de viver a nova Aliança, selada no sangue de Jesus; e que agora foi inscrita não mais em frias tábuas de pedra, mas sim no nosso íntimo, no nosso coração. Jesus que se entregou ao Pai, na obediência, tornou-se causa de salvação para todos aqueles que lhe obedecem, conforme a carta aos hebreus. A consumação de sua vida é a entrega generosa ao Pai por nosso amor: é o Deus apaixonado por seu povo (como disse o profeta Isaías) ao ponto de morrer, sacrificando-se pela humanidade. O evangelho fala de alguns gregos recém-convertidos ao judaísmo que foram celebrar a Páscoa judaica, em Jerusalém e recorreram a André e Filipe, que talvez fossem gregos, ou ao menos tinham o nome grego, e poderiam facilitar o contato para o encontro com Jesus. Hoje a multidão dos que são salvos, gregos ou não, se encontra com Jesus porque ele mesmo prometeu que quando fosse erguido na cruz atrairia todos a Ele. É mais uma profecia que se cumpre.
Nesta liturgia de hoje, aprofundemos nossa preparação para a Festa da Páscoa de Jesus, que deseja que se torne Páscoa nossa também, pois como afirmou: “desejei ardentemente comer esta ceia pascal convosco” (Lucas 22, 15). Vamos celebrar nossa Páscoa na pureza e na verdade, como cantávamos tempos atrás; afirmemos nossa disposição de servir melhor aos outros como fez Jesus, lavando os pés dos discípulos.
− Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
[colaboração: Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

quarta-feira, 14 de março de 2012

22/03/2012- Quinta-feira da 4ª semana da quaresma: Santos do dia: Leia/ Otaviano;
Textos: Êxodo 32, 7-14; Salmo 105, 19-23/ João 5, 31-47;
Caríssimos irmãos e irmãs: Moisés pede clemência a Deus em favor do seu povo infiel e corrompido. Por causa da intercessão do justo Moisés, Deus desiste de “fazer mal a seu povo”. Jesus fala para os judeus sem usar meios termos; é impressionante como Jesus é franco e direto e objetivo! Lança na “cara de pau” deles verdades cristalinas, que, no entanto, eles resistem a enxergar e crer. Eles se estribam nas Escrituras mosaicas e recusam a Jesus. Mas Jesus lhes afirma que Moisés falou a respeito dele. E porque será que eles não aceitam Jesus? Houve quem dissesse que a gente ama para crer, depois crê para amar!  Estribados nas Escrituras antigas foram incapazes de ir até Jesus; mas aqueles que aceitam Jesus acolhem também as Escrituras. Que “mistério” é este? Ora, o próprio Jesus afirmou um dia,(Jo 6,35-40): Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede. Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e, contudo não credes. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
A Igreja afirma que Deus quer salvar a todos: a fé é um dom; pergunto por que uns o recebem e outros não? É como diria alguns que há mais “mistérios” entre o Céu e a terra do que podemos imaginar. Fico pensando naquelas pessoas que giram o Brasil para se encontrarem com o padre M. Rossi, mas, às vezes, são incapazes e não disponíveis para um serviço pastoral e voluntário em suas comunidades... Penso também naqueles padres por demais “carismáticos” que pregam mais a si mesmos do que a Jesus Cristo. Que Ele nos livre de agir assim! E ouço Jesus dizer:
 João era uma lâmpada que estava acesa e iluminava. Vós quisestes alegrar-vos com a sua luz.  Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: são as obras que o Pai Me concedeu realizar. As obras que faço dão testemunho de Mim, mostrando que o Pai Me enviou.  E o Pai que Me enviou deu testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes a sua voz nem vistes a sua face.  Desse modo, a sua palavra não permanece em vós, porque não acreditais n'Aquele que Ele enviou.  Viveis a estudar as Escrituras, pensando que encontrareis nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de Mim.  Mas não quereis vir a Mim para terdes a vida eterna.  Eu não aceito elogios dos homens.  Quanto a vós, conheço-vos muito bem: o amor de Deus não está dentro de vós.  Eu vim em nome de meu Pai e não Me recebestes. Mas, se outro vier em seu próprio nome, recebê-lo-eis. Como é que podereis acreditar, se viveis a elogiar-vos uns aos outros e não buscais a glória que vem do Deus único? (João 5,35-44).
Que a penitência quaresmal revigore nossa fé, e nos fortaleça para o testemunho de Jesus, o Filho de Deus e nosso Irmão que nos trouxe a salvação e a vida em abundância através do sacrifício da Cruz! Amém!
-Louvado seja N. S. Jesus Cristo! [ Colab. Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

20.03.2012- Terça-feira da 4ª semana da Quaresma:
Santos do dia: Martinho de Braga/ Teodósio/ Alexandra;
Textos: Ezequiel 47,1-9.12/ Salmo 45/ Ev. De João 5,1-16;
Caríssimos irmãos e irmãs: Lemos estas belíssimas leituras que vão nos ajudar a refletir sobre nosso triste mundo: até os cegos sabem que espessas sombras pairam sobre nosso pobre mundo: injustiças, mentiras, violências, pecado, morte, agressão ao ambiente, etc. Mas Deus não abandona seus filhos. Ele mandou o próprio Filho Unigênito para salvar-nos porque sua misericórdia é eterna! Sua Palavra não passa e suas promessas Ele cumpre! O amor e a misericórdia de Deus são como a água benfazeja do Santuário que daí escorrendo como um caudaloso rio levava vida por onde passava. O evangelho de S. João conta-nos a cura desse homem doente (paralítico), no dia de sábado, quando a lei dos judeus não permitia isso, segundo eles interpretavam. E por isso ficaram furiosos com Jesus, pois eram escravos do próprio legalismo! Contemplando as misérias de hoje, peçamos a Jesus que cure também nossa inércia, nosso comodismo, a frieza de muitos... a fim de que sejamos geradores de vida no mundo. Todos aqueles que estão doentes e sofrem poderão alegrar-se porque Deus volveu o seu olhar para todos eles, na pessoa de Jesus Cristo. Com o salmista rezemos:
 “Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo” (Salmo 45).
-Louvado seja N. S. Jesus Cristo! [Pe. Celso N. Luchi, CR].
A seguir uma breve biografia do extra-ordinário São Matinho de Braga:
Martinho de Dume, Martinho Dumiense ou ainda Martinho de Braga (ou Martinho Bracarense) são os vários nomes por que é conhecido Martinho da Panónia, um bispo de Braga e de Dume considerado santo pela Igreja Católica.
Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. É tido como o apóstolo dos Suevos, responsável maior pela sua conversão do arianismo ao catolicismo.
Estabeleceu um mosteiro em Dume, uma aldeia das proximidades de Bracara Augusta, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação. Estabeleceu a Diocese de Dume (caso único na história cristã - confinada ao referido Mosteiro de Dume a que presidia), da qual foi primeiro bispo, em 556[2]. Depois, por vacatura da diocese bracarense, em 569, foi feito metropolita dessa região de Braga, então capital do Reino Suevo.
Para além de batalhador pela ortodoxia contra os arianos, foi também um fecundo escritor. Entre as principais obras, citamos: Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios). Martinho de Dume é também uma figura de capital importância para a história da cultura e língua portuguesas; de facto, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã. Martinho morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral de Dúmio. Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panônia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.
Fonte: copiado da internet; página ortodoxa.

21/03/2012- Qua. Da 4ª semana da Quaresma
Santos do dia: Lupicínio/ Berilo/ Nicolau de Flue;
Dia internacional para eliminação da discriminação racial e dia florestal mundial;
Textos: Isaías 49,8-15/ Salmo 144/ Ev. João 5,17-30:
Waldeci Farias, no canto inicial para missa do Sag. Coração de Jesus, escreveu um lindo hino inspirado neste texto, da 1ª leitura de hoje; para quem o desconhece damos algumas partes: “Não sei se descobriste a encantadora luz no olhar da mãe feliz que embala um novo ser (... A mãe será capaz de se esquecer ou deixar de amar algum dos filhos que gerou? Se existir, acaso, tal mulher, Deus se lembrará de nós em seu amor”. Aqui o profeta antevê a repatriação dos exilados( a volta do cativeiro na Babilônia): eles chegam a Jerusalém, reconstroem o templo, os muros da cidade... e aos poucos a vida vai voltando a seu normal rotineiro; agora as nações que antes oprimiam Israel se submetem a ele. Eis aqui mais uma prova de que Deus não abandona seu povo. Ele está sempre pronto a fazer valer sua Aliança de amor com a humanidade, com tantas belíssimas promessas que cumpre fidedignamente. São João mostra-nos precisamente que Jesus está comprometido com este plano de amor do Pai e sua missão é visibilizar o rosto misericordioso de Deus-Pai; primeiro Jesus vive impregnado deste amor porque está em comunhão de vida íntima com seu Pai. Nosso Deus é um Pai apaixonado por seu Filho/povo porque Jesus se encarnou na nossa humanidade e se fez nosso Irmão maior; Ele veio viver nossa vida, inserido na vida do povo dos pobres e marginalizados, andava com ladrões e prostitutas, vivendo em tudo a vida dos humanos, menos o pecado. Que a penitência quaresmal nos ajude a compreender este projeto amoroso do Pai apaixonado por nossa humanidade, do Pai do céu apaixonado por nós! Só assim, imbuídos e impregnados deste amor, venceremos a discriminação racial. E seremos irmãos de verdade, portanto!
- Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
[Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

terça-feira, 13 de março de 2012

19.03.2012: segunda-feira (Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria):
Caríssimos (as): S. Mateus mostra-nos, com o artifício da genealogia, que Jesus descende da dinastia de Davi. Desse modo cumpriu-se a profecia lá do 2º livro de Samuel. Já refletimos isso no 3º domingo da Quaresma, i. é, domingo passado. São Paulo nesta carta aos Romanos afirma que Deus é fiel e continua garantindo o cumprimento de suas promessas. O evangelho mostra-nos a figura humilde de José; pela fé aceitou a revelação de Deus em sua vida e cumpriu a missão de participar da redenção de Cristo, ao lado de Maria. Por isso nós, hoje, fazemos uma pausa na liturgia quaresmal para reverenciar aquele justo que silenciosamente assumiu com Maria a encarnação de Jesus. Com ele damos graças a Deus por todos os justos e santos deste mundo. Cada cristão e cada comunidade tem a mesma missão a cumprir, colaborar na obra da salvação, ouvindo e realizando aquilo que o Senhor lhe diz: acolhamos a Palavra de Deus a fim de que ela transforme nosso interior pois “ completamos em nossa carne o que falta à paixão de Jesus”, como disse o apóstolo S. Paulo.
- Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
[Colab. Pe. Celso Nilo Luchi,CR].
18/03/2012 – 3º domingo da Quaresma
Textos:
2 Crônicas 36,14-16.19-23; Salmo 136 (bíblia da CNBB); Efésios 2,4-10; Ev. João 3, 14-21;
Tema: Deus é fiel à Aliança! E é por graça que somos salvos!
Caríssimos irmãos (ãs): Guerras e atribulações sempre acompanharam a história do povo. Quando os inimigos de Israel incendiaram a casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém, atearam fogo a todas as construções fortificadas e destruíram tudo o que havia de precioso (2 Cr. 36,19): espalharam o terror no meio do povo. Depois disso Nabucodonosor deportou para a Babilônia os que sobreviveram e lá permaneceram escravos do rei até quando o império passou para o rei dos persas. Havia se passado cerca de 70 anos! Então Deus moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que decretou a repatriação do resto de Israel: muitos morreram na escravidão da Babilônia.
Quando os judeus, na travessia do deserto, eram mordidos por serpentes, Deus mandou Moisés erguer numa haste uma serpente confeccionada em bronze e quem olhasse para ela ficaria curado do veneno mortífero. Tempos depois os rabinos interpretavam isso dizendo que não era a serpente de bronze o motivo da cura (isso, de fato, seria uma magia idolátrica), mas ficavam curados porque levantavam o coração para Deus e confiavam nele. Jesus, no evangelho de hoje, recupera essa imagem como sinal de tudo que lhe iria acontecer: ele também levantado numa cruz e todos os que o contemplarem encontrarão a salvação para suas vidas. Na prática, olhar para Jesus “levantado” numa cruz isso significa crer nele. E crer nele significa acolher a mensagem que ele, do alto da cruz, dirige a todos os homens: a única maneira de realizar a própria vida é doá-la por amor, como ele o fez. Crer, numa palavra, é identificar a própria vida com a vida de Cristo, ou seja, vivê-la a serviço dos irmãos. Este é o único caminho para conseguir a salvação.
Quando o povo foi deportado e caiu na escravidão, revoltado se perguntava por que isso lhe acontecera? O autor das Crônicas, com uma mentalidade e linguagem primitivas, respondera dizendo que Deus castigava a infidelidade do povo, por haver feito pouco caso das advertências dos profetas. Ora, essa maneira primitiva de pensar levanta alguns problemas: e quando o povo era obediente às leis de Deus e acontecia a mesma coisa? E quando os injustos vão bem e prosperam? Este é um antigo dilema bíblico: parece que até hoje não recebeu uma resposta plausível. Eu arriscaria a dizer, na linha da parábola do pobre Lázaro: uns curtem esta vida às custas dos outros e se frustram depois, por causa da insensibilidade com os pobres e sofredores. O justo sofre precisamente a opressão dos injustos e perversos... Embora há tipos de sofrimentos que teem outras origens... Desde que o mundo é mundo as pessoas sofrem: e o pior sofrimento é aquele sofrido sem ver um sentido nele. Também aquilo que alguns explicam como castigo não passaria de conseqüências advindas das próprias escolhas; como se costuma dizer “as boas e as más ficam com quem as faz”. O bem atrai o bem; o mal acarreta o mal! Prefiro pensar assim. Do livro das Crônicas concluímos: a história de amor entre Deus e o homem nunca termina como uma condenação. Tal como aconteceu com os israelitas, o homem que se afasta de Deus mete-se em complicações e desajustes e torna-se escravo dos ídolos. Deus, porém, nunca o abandona. Não há situações desastrosas nem forças resistentes que possam impedir o poder de seu amor misericordioso. Contudo, é grande a responsabilidade do homem que, ao negar-se a seguir o caminho de Deus, se condena e se destrói. Entretanto, nunca será o mal que prevalecerá, mas o amor de Deus.
O amor de Deus é Infinito e sua misericórdia é eterna. Por isso quem encontra a Deus e escolhe ficar com Ele está garantido: Zaqueu, a mulher adúltera, o ladrão etc., eu, você e tantos outros... de repente, a fé em Jesus transformou nossas vidas. Sta. Teresa d´Ávila dizia: “Eu cansei mais de ofendê-lo do que ele de me perdoar”.
Como assembléia reunida para celebrar a eucaristia, nos sentimos como o povo errante no deserto em meio a tantas provações, mas nossa adesão a Jesus Cristo Ressuscitado que se faz presente e age a nosso favor nos conforta porque a todos atrai a Si e salva, liberta e reconcilia com o Pai. Celebremos a liturgia entrando neste Mistério da Salvação e deixemo-nos impregnar por ele. – Louvado seja N. S. Jesus Cristo! – [Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
17/03/2012-Sábado da 3ª Semana da Quaresma
Santos do dia: Patrício/ José de Arimateia/ Paulo de Constantinopla.
Textos: Oseias 6, 1b-6/ Salmo 50/ Lucas 18,9-14;
Na parábola que Jesus contou sobre o fariseu e o publicano, ficou bem claro a conclusão que o próprio Jesus nos dá: o fariseu não fez uma oração correta; mas até na oração estava julgando o próximo. O fariseu voltou para casa sem justificação. Por outro lado, o publicano que orou suplicando perdão a Deus porque reconheceu seus pecados, alcançou o perdão e a misericórdia de Deus. “Pois quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. O profeta Oseias já havia mostrado isso: sem o amor e a misericórdia nossas atitudes e nossas liturgias são frias e sem vida, e nada se transforma em nós: voltamos para casa, depois de certas liturgias, do mesmo modo que fomos à igreja. “Quero amor e não sacrifícios” – diz Deus (Os. 6,6). Davi arrependido do seu pecado reza o salmo 50 e seu pedido de perdão é atendido e Davi é justificado porque Deus se compraz em salvar os corações sinceros e “na imensidão de seu amor purifica o coração arrependido e penitente”. Que a penitência quaresmal traga frutos de justiça, verdade, amor solidário a todos nós! – Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
[Colab. Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
Reflexão para a quinta-feira: 15/03/2012 – 3ª semana da Quaresma:
Santos: Longino/ Leocrécia/ Luísa de Marillac/ Clemente Maria Hoffbauer
Textos: Jeremias 7, 23-28; Salmo 94/ Lucas 11, 14-23;
Caríssimos irmãos e irmãs:
Jeremias fala da fé que morre e que, por isso, é arrancada da boca. A pessoa que não tem fé é como se não tivesse hálito... a obstinação no erro, emburra! Empaca, depois faz andar para trás. Porque nas coisas de Deus, dizia, um padre, ou se vai à frente, ou se caminha para trás; parado não dá para ficar. Não ouvir a voz de Deus; fechar os ouvidos e não aceitar correção, leva à morte.
Jesus é o grande exemplo de que a fé é operante: quem tem fé não é inútil. Jesus não parava: estava sempre a caminhar, procurando alguém para ajudar; levar seu conforto, sua palavra, sua cura, seus ensinamentos, sua libertação. O mesmo espera de seus discípulos-missionários: “fazei a mesma coisa que eu fiz”. Expulsando os demônios, trouxe para nós o Reino de Seu Pai: agora quem é do seu partido ajunta com Ele; mas quem não recolhe com Jesus está disperso e dispersando.
O texto do apóstolo São Tiago que expomos a seguir dispensa comentários e vem ilustrar melhor este evangelho: (cap. 2, 14-23):
14   Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
15   Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
16   e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?
17   Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
18   Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.
19   Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem.
20   Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?
21   Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?
22   Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou,
23   e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.
Que nosso empenho na penitência quaresmal nos traga a consolidação da nossa fé, bem como as bênçãos para nossa vida e família e força na caminhada difícil desta vida.
-Louvado seja N. S. Jesus Cristo! [Pe. Celso Nilo luchi,CR].

14 de Março de 2012: quarta-feira da 3ª semana da Quaresma!
Santos: Matilde/ Eutíquio e Afrodísio;
Tema: Ensina isso a teus filhos e netos!
O povo da Antiga Aliança tinha suas raízes fincadas na Aliança do Sinai. É bonito, neste texto que lemos hoje, do Deuteronômio, ouvir a recomendação dada por Moisés aos judeus para que ensinassem aos filhos e netos os decretos e normas da Aliança. Talvez, certa radicalização disso tenha impedido a que muitos judeus dessem o passo para a Nova Aliança, que é muito mais superior do que a Antiga. E um relaxamento por parte de muitas famílias, hoje, tem levado a que muitos pais já não consigam transmitir a fé para seus filhos; queria estar enganado quanto a isso! Para nós cristãos, que somos o povo de Deus da Nova Aliança, o enraizamento da nossa fé está na pessoa do próprio Jesus Cristo. Sabemos que o Antigo Testamento preparou a vinda de Jesus e o Novo cumpriu definitivamente a promessa do Antigo. Para sermos de fato o Povo da Nova Aliança precisamos amar Jesus Cristo e pôr em prática seus ensinamentos, de acordo com sua Igreja. Ora para isso é necessário conhecermos também o evangelho: pois, como dizia S. Jerônimo “desconhecer o evangelho é desconhecer o próprio Cristo”.
Quando a catequese foi delegada à Igreja, como agência de serviço cuja qualidade é discutível, deu naquilo que deu! Está mais do que na hora de voltarmos à catequese familiar! Se estiver errado nesta opinião que alguém me convença do contrário!
Bom prosseguimento para a Páscoa, rodeados de penitência quaresmal por todos os lados!
-Louvado seja N. S. Jesus Cristo!  [Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
Terça-feira da 3ª semana da Quaresma: 13/03/2012:
Santos do dia: Modesta/ Cristina/ Eufrásia/ Rodrigo;
Textos: Daniel 3,25.34-43; Salmo 24 ou 25 (na bíblia pastoral Paulus); 
Ev.: Mateus 18, 21-35:
Tema: Deus dirige os humildes na justiça, e aos pobres Ele ensina o seu caminho.
Daniel nos faz lembrar aquilo que dizia Madre Teresa de Calcutà: para nos tornarmos humilde é preciso que sejamos humilhados; assim foi com o povo da bíblia: sofreu a humilhação do exílio para aprender a ser humilde.
No tempo do exílio o povo estava sofrendo por causa do pecado de seus opressores e dos próprios pecados do povo. Hoje também nossa realidade não é diferente disso. Deus, porém, vai educando seu povo que “se não quer aprender por amor vai aprender pela dor”; de resto a homilia (“carta“) aos Hebreus, no capítulo 5, versículo 8, afirma que o próprio Jesus aprendeu a obediência sofrendo. O amor de Deus está sempre disponível para quem quer se converter e voltar à Aliança com Ele. Fala-se tanto em progresso técnico-científico; no entanto, o maior progresso é acolher a verdade do Senhor sobre nossa humanidade: seu perdão sempre pronto, seu acolhimento misericordioso; bem como nossa dedicação em favor do seu Reino; devemos agir com misericórdia para com nosso semelhante assim como Ele age com misericórdia conosco.
Peçamos, nesta Quaresma, ao Pai do Céu a graça de experimentar seu amor misericordioso; bem como a graça de agir misericordiosamente com nossos semelhantes. Pois Ele mesmo nos ordena, através da Palavra do seu Filho: “Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lucas 6, 36).
[Colaboração: Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
16/03/2012- sexta-feira da 3ª semana da Quaresma:
Santos do dia: Carlos Garnier/ Taciano/ Antonio Daniel;
Textos: Oseias 14, 2-10/ Salmo 50/ Ev.: Marcos 12, 28b-34;

Os caminhos do Senhor são retos (Oseias 14,9):

Quem me dera que meu povo me escutasse! Que Israel andasse sempre em meus caminhos. “Eu lhe daria de comer a flor do trigo, e com o mel que sai da rocha o fartaria” (Salmo 80, 17).
Deus tem prazer quando o pecador se corrige, ouve sua voz e se volta para Ele. “É como disse o próprio Jesus: Há mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lc 15,7). Por isso Ele dirige sua palavra através do profeta Oseias exortando o povo à conversão. Quando o povo abandona os ídolos e se volta para adorar o verdadeiro Deus, então vive na justiça e na partilha dos bens vitais: em ti o órfão encontrará misericórdia (Os. 14,4). Deus ama seu povo e só lhe quer bem: “Hei de curar sua perversidade e me será fácil amá-los, deles afastou-se a minha cólera” (versículo 5).
“Compreenda estas palavras o homem sábio, reflita sobre elas o bom entendedor! São retos os caminhos do Senhor e, por eles, andarão os justos, enquanto os maus ali tropeçam e caem” (Vers. 10).
Jesus percebeu que o escriba havia compreendido bem a lição; faltava-lhe pôr em prática: por isso lhe disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. Assim como aquele escriba também nós estamos perto do Reino toda vez que abrimos os ouvidos e o coração para ouvir e acolher a Sua voz. Ele mesmo afirmou que o Seu Reino se aproximou de nós (conforme Marcos 1,14; e várias outras passagens do Novo Testamento). No entanto o estar dentro do Reino “a todo vapor” exige de nós a conversão que significa um empenho constante de nossa parte em responder generosamente os apelos de Deus; significa empenho na prática de Sua Justiça e do Seu Amor Misericordioso para com nossos semelhantes. Que a penitência quaresmal e a campanha da fraternidade nos ajudem a despertar e mantermos sempre alerta para uma vida de solidariedade e de união com os pobres, fracos e sofredores.
- Louvado seja N. S. Jesus Cristo!
[Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

sexta-feira, 9 de março de 2012

12/03/2012, segunda-feira da 3ª semana da Quaresma:
Santos do dia: Francisca Romana/ Cândido/ Catarina de Bolonha/Gregório de Nissa;
Textos: 2 Reis 5,1-15ª; Salmo 41 (bíblias modernas); Ev. Lucas 4,24-30:
Campanha da Fraternidade 2012: Fraternidade e Saúde Pública; lema: Que a saúde se difunda sobre a terra (Eclo. 38,8):
Caros irmãos, conta-se uma piada sobre médico: Jesus teria vindo ao Rio de Janeiro e se apresentado num posto de saúde pública, oferecendo-se para substituir um velho médico que, naquele dia estava por demais cansado de tanto escrever receitas (estranho isso porque os médicos geralmente não gostam de fazer isso!...) Depois que convencera o médico a ir descansar, Jesus assumiu seu posto. Apresentou-se, logo, um paralítico em sua cadeira de rodas; Jesus sem ter olhado para ele (uma coisa que Jesus não teria feito... e que os médicos nunca o fazem!... e nem ao menos ter tocado no homem, disparou logo dizendo: levanta-se e vai embora! O homem obedeceu e saiu. Ao passar no corredor do prédio, outro paciente lhe perguntou: o novo médico é bom? O ex-paralítico respondeu: não gostei dele e não é um bom médico; imagine você que nem me olhou e nem me tocou!
−No contexto da campanha da fraternidade sobre saúde pública, esta caiu bem!
Agora, irmãos, saibam que a viúva de Sarepta e Naamã eram, ambos, extrangeiros! Considerem isso e reflitam sobre a raiva dos judeus centrados em seu nacionalismo hediondo! Pergunto-vos; Jesus “cutucava ou não o cão bravo com a vara curta”?
Digam-me, por favor, também porque sempre há um estrupício querendo jogar alguém no precipício? – Boa segunda-feira de Quaresma ao seu redor!
[colaboração de Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
Recomendo esses sites para encontrar ótimas reflexões: WWW.buscandonovasaguas.com.br (somente para os domingos); www.paulinasonline.com.br (diário); e WWW.liturgiadiariacomentada.com.br (também diário).
 PENSAMENTOS PARA REFLETIR:
Da carta ao Sereníssimo Senhor Príncipe Rannuccio Farnese, escrita em Nápoles, a 01 de janeiro de 1593: Quem mais ama, mais se dói, quando se perde a coisa amada... O fim para o qual o homem foi criado, não é estar neste exílio com as bestas, mas para estar sempre na Pátria Celeste e gozar o seu Deus, e enquanto estamos neste vale de lágrimas, e de misérias, ninguém deve buscar quietude, repouso, felicidade, grandezas, e outras coisas, que os bôbos do mundo buscam: porque neste exílio não há coisa, que verdadeiramente seja boa,  mas aparente, vã, e falsa como todos experimentamos, e ao fim da nossa miséria, e vida atribulada, com nossas condolências percebemos isso, claramente conhecendo ter perdido o tempo procurando aquelas coisas, que não são daquele valor que o demônio faça parecer que seja, e a nosso despeito necessita deixá-las, com perigo de perder as verdadeiras grandezas, pelas quais Deus as havia criado; e, porém, os homens de Deus, iluminados, ordenaram não somente os seus pensamentos, mas ainda todas as palavras, e ações, e fadigas pela glória da sua Divina Majestade, para conseguir aquele fim último, pelo qual foram criados, e quando a isso chegaram se sentem no dever de fazer grande festa, congratulando-se com todos os seus queridos que também chegaram assim a uma glória tão verdadeira.
 [Fonte: Lettere scritte dal glorioso S. Andrea Avellino… vol. II, n. 118, pp. 126-127. Napoli, 1732; tradução de Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

quinta-feira, 8 de março de 2012

3º Domingo da Quaresma:

Textos: Êxodo 20, 1-3.7-8.12-17; Salmo 18; 1 cor. 1,22-25; ev. João 2,13-25;          
Caríssimos irmãos e irmãs: Quando vamos a Aparecida, admiramos a grandiosidade daquele santuário, chamado até de “nacional”! O catolicismo esparramou enormes igrejas pelo mundo afora! Na bíblia, já no 1º Testamento, encontramos Salomão erguendo o majestoso templo de Jerusalém. Atualmente, aqui no Brasil, também está de moda a construção de grandiosos santuários ou mega-templos, sejam católicos (aquele do Pe. Marcelo Rossi), sejam do mundo protestante, como aquele do pastor Valdomiro, ou os templos gigantescos da “Igreja” Universal! Sobre isso há controvérsias já na Bíblia: Senão ouçamos o profeta Isaías (cap. 66), relatando o oráculo de Javé: “O céu é o meu trono e a terra é o apoio para meus pés. Que tipo de casa vocês poderiam construir para mim? Que lugar poderia servir para meus descanso? Tudo o que existe fui eu que fiz, tudo o que existe é meu”. Na sequência Deus fala que Ele se compadece: do oprimido, do que teme a Ele e respeita suas leis, etc. E mostra-lhes que o culto que lhe agrada é a observância de suas leis e preceitos. Pois ele não se agrada de uma religião formalista e ritualista; que esse culto assim pode ser um culto idolátrico, pois praticar a religião sem cumprir a vontade Deus é como realizar ritos mágicos e vazios de sentido. O culto que verdadeiramente agrada a Deus é a prática da justiça e do amor. Oséias, Amós e outros profetas afirmaram a mesma coisa.
Também o 2º livro de Samuel se ocupou do tema (ver cap. 7,vers.5): Você quer construir uma casa para eu morar? Pergunta Deus.
Davi já idoso, e parece que sentindo remorsos por ter vivido uma vida inteira numa casa especial, enquanto a Arca habitava em tendas daqui pra li e dali pra lá, decidiu construir um templo: mas seu projeto foi rejeitado por Deus que lhe fez saber que não seria possível isso porque Davi havia derramado muito sangue ( 1º livro das crônicas, cap. 28; cf. o cap. 17 também); mas Deus consentia que um filho de Davi lhe construísse um templo: isso coube a Salomão (cf. 1 livro dos Reis, cap. 6).
No 2º livro de Samuel, cap. 7, lemos que Davi teve a intenção de construir uma casa para Javé, mas essa sua intenção foi rejeitada, porque Javé está presente na vida do povo que luta pela vida e liberdade. Em troca disso é Deus quem vai construir uma casa, ou seja, uma dinastia para Davi: o poder político estará sempre nas mãos de seus descendentes. Resumindo tudo, os vários textos que falam desse assunto, concluímos com segurança que desse modo se estabeleceu e consolidou uma ideologia messiânica: o Novo Testamento interpretou assim que Jesus foi descendente de Davi; e Ele é o Messias, cujo Reino não terá fim.
O autor da carta aos Hebreus, no cap. 3 exorta os irmãos dizendo: “Irmãos santos, vocês participam de um chamado que vem do céu; por isso, fixem bem a mente em Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da fé que nós professamos. Mais à frente nesse texto, comparando Moisés com Jesus afirma: Mas o caso de Cristo é diferente: ele veio como filho, e a ele pertence a casa. E a casa de Cristo somos nós, se conservamos a firmeza da esperança, que é o nosso orgulho. Jesus veio estabelecer uma nova Aliança de Deus com os homens: essa superou em tudo as cláusulas da Aliança antiga (cf. Hebreus 4, 15-5,8). E para terminar lembramos também que o autor do salmo 114 (bíblia edição pastoral), afirma que o povo é santuário de Deus. Se continuasse a pesquisa iria encontrar vários outros textos que dizem isso: Deus habita no meio do povo.
Na 2ª leitura de hoje, S. Paulo mostra que sua pregação tem no centro o Cristo crucificado. Ao contrário do que os judeus esperavam, Jesus se apresentou como um derrotado. Na ótica dos homens a cruz de Jesus não tem lugar. Mas seria uma verdadeira loucura. Jesus ao expulsar os vendilhões do templo mostra a incompatibilidade entre negócios e casa do Senhor. Tendo purificado o Templo, condenou qualquer ligação entre religião e interesses econômicos. E ao afirmar que destruíssem o templo que em três dias ele haveria de reerguê-lo (pois falava do templo do seu corpo), Jesus inaugura um novo templo e inicia um culto novo. Quando o Pai ressuscitou Jesus colocou a pedra fundamental do novo templo. E sobre essa pedra coloca outras pedras vivas que são os discípulos missionários: todos juntos formam o corpo de Cristo, o novo templo onde Deus habita. E para facilitar nossa compreensão, o evangelista João explicou claramente: “Se alguém me ama, observará a minha palavra, me Pai o amará, disse Jesus, e nós viremos a ele e nele estabeleceremos a nossa morada” (Jo 14,23).
Que nosso jejum e nossas outras penitências quaresmais nos levem a compreender melhor e assimilar cada vez mais a palavra de Jesus e observar seus mandamentos.
-Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!  [Pe. Celso Nilo Luchi, CR].