terça-feira, 30 de outubro de 2012


DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS OU FINADOS
Há pouco uma freira (dos Santos Anjos) me perguntou como compreendo a outra vida: mais precisamente o céu? Respondi (como se fosse possível responder a uma pergunta desta...) que compreendo o céu utilizando a metáfora do computador: vamos digitando e deletando os erros, mas tudo que for certo vamos salvando. No fim só vai permanecer o que for salvo; tudo o mais foi pro lixo, pois é imprestável.
As pessoas mais românticas e sensíveis podem dar asas à imaginação e “ver” suas imagens concebidas pelo grande desejo de felicidade... jardins maravilhosos, povoados de lindos passarinhos gorjeando sem cessar... fontes cristalinas de águas frescas, anjinhos esvoaçando ao redor de mesas fartas de frutas multicoloridas e tantas delícias... Lembro de frei Betto, quando foi meu orientador de estudos, que dizia imaginar o céu como uma mesa repleta de quindins e os anjinhos nus esvoaçando ao redor e servindo os convidados... que imagem linda e deliciosa!
O certo, no entanto, é que ninguém conseguirá transmitir com palavras humanas aquilo que nunca experimentou... ou se experimentou, como fizeram os místicos, na experiência da união mística da alma com Deus, também não vai conseguir exprimir tal experiência porque as palavras humanas são insuficientes. Tinha razão Santa Catarina de Sena quando exclamou: “Não, a linguagem humana não é capaz de descrevê-la!” No entanto, não deixaremos de discorrer sobre isso porque nossa curiosidade se aquieta um pouco quando falamos, nem que seja para fofocar... ora discorrer sobre a vida eterna é, para mim, “fazer uma espécie de fofoca sagrada e saudável”, pois falamos que cremos num Deus assim e assim e tal e qual... e nunca acertamos porque para ser Deus tem que escapar sempre das nossas conjeturas humanas. E acertamos com o evangelho anunciado por Jesus quando dizemos que Deus é Pai misericordioso e perdoador e paciente e acolhedor, que ama a todos com amor infinito e eterno.
É por isso que Santo Tomás de Aquino, S. João Evangelista e tantos outros santos e santas doutores da Igreja adquiriram a sabedoria na oração e discorreram e falaram sobre tanta maravilha de Deus, e no êxtase e na iluminação da mente mais que no estudo. “E, diz ainda Santa Catarina, se considerares um por um os santos doutores, todos eles revelaram tal luz, cada um a seu modo. Mas ser-te-ia impossível descrever o sentimento profundo, a suavidade inefável, a perfeita comunhão! É a isto que São Paulo se referia quando afirmava: “Os olhos não podem ver, nem os ouvidos escutar, nem a mente pensar quão grande prazer e que perfeição estão preparados, no final, para aquele que realmente me serve” (1ª coríntios 2,9).
E para concluir esta breve reflexão, diria que se permanecermos em comunhão com Deus, unidos no seu amor, e como o amor é eterno porque Deus é Amor, logo também ganharemos dimensões de eternidade: e isso é para nós a vida eterna com Deus, o Céu!
Celebremos  o dia dos fiéis defuntos, na esperança de que “um dia “quando de volta a casa paterna com o Pai os filhos se encontrarão”.
[Pe. Celso Nilo Luchi, CR].

O QUE É UMA BOA MORTE?

Ninguém de nós deseja morrer. No entanto, mais cedo ou mais tarde na vida seremos tocados pela morte. Ela faz parte da nossa vida. Estudos demonstram que para nos despedirmos da vida com elegância e dignidade precisamos cuidar: 1) Alívio da dor e sintomas (sofrimento); 2) Evitar o prolongamento do morrer; 3) Manter um senso de controle (autonomia), em contexto de crescente vulnerabilidade; 4) Não se sentir um peso físico e emocional para os outros entes queridos; 5) Oportunidade de fortalecer e aprofundar o afeto com o familiares e amigos; 6) Necessidade de concluir coisas pendentes e inacabadas; 7) Confiança e confidência nos cuidadores; 8) Comunicação honesta; 10) Cuidado com a espiritualidade.
[Leo Pessini, camiliano; pessini@saocamilo-sp.br].