DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS OU FINADOS
Há pouco uma freira (dos Santos
Anjos) me perguntou como compreendo a outra vida: mais precisamente o céu?
Respondi (como se fosse possível responder a uma pergunta desta...) que
compreendo o céu utilizando a metáfora do computador: vamos digitando e
deletando os erros, mas tudo que for certo vamos salvando. No fim só vai permanecer
o que for salvo; tudo o mais foi pro lixo, pois é imprestável.
As pessoas mais românticas e
sensíveis podem dar asas à imaginação e “ver” suas imagens concebidas pelo
grande desejo de felicidade... jardins maravilhosos, povoados de lindos
passarinhos gorjeando sem cessar... fontes cristalinas de águas frescas,
anjinhos esvoaçando ao redor de mesas fartas de frutas multicoloridas e tantas
delícias... Lembro de frei Betto, quando foi meu orientador de estudos, que
dizia imaginar o céu como uma mesa repleta de quindins e os anjinhos nus
esvoaçando ao redor e servindo os convidados... que imagem linda e deliciosa!
O certo, no entanto, é que ninguém conseguirá
transmitir com palavras humanas aquilo que nunca experimentou... ou se
experimentou, como fizeram os místicos, na experiência da união mística da alma
com Deus, também não vai conseguir exprimir tal experiência porque as palavras
humanas são insuficientes. Tinha razão Santa Catarina de Sena quando exclamou:
“Não, a linguagem humana não é capaz de descrevê-la!” No entanto, não deixaremos
de discorrer sobre isso porque nossa curiosidade se aquieta um pouco quando
falamos, nem que seja para fofocar... ora discorrer sobre a vida eterna é, para
mim, “fazer uma espécie de fofoca sagrada e saudável”, pois falamos que cremos
num Deus assim e assim e tal e qual... e nunca acertamos porque para ser Deus
tem que escapar sempre das nossas conjeturas humanas. E acertamos com o
evangelho anunciado por Jesus quando dizemos que Deus é Pai misericordioso e
perdoador e paciente e acolhedor, que ama a todos com amor infinito e eterno.
É por isso que Santo Tomás de
Aquino, S. João Evangelista e tantos outros santos e santas doutores da Igreja
adquiriram a sabedoria na oração e discorreram e falaram sobre tanta maravilha
de Deus, e no êxtase e na iluminação da mente mais que no estudo. “E, diz ainda
Santa Catarina, se considerares um por um os santos doutores, todos eles revelaram
tal luz, cada um a seu modo. Mas ser-te-ia impossível descrever o sentimento
profundo, a suavidade inefável, a perfeita comunhão! É a isto que São Paulo se
referia quando afirmava: “Os olhos não podem ver, nem os ouvidos escutar, nem a
mente pensar quão grande prazer e que perfeição estão preparados, no final,
para aquele que realmente me serve” (1ª coríntios 2,9).
E para concluir esta breve reflexão,
diria que se permanecermos em comunhão com Deus, unidos no seu amor, e como o
amor é eterno porque Deus é Amor, logo também ganharemos dimensões de
eternidade: e isso é para nós a vida eterna com Deus, o Céu!
Celebremos o dia dos fiéis defuntos, na esperança de que
“um dia “quando de volta a casa paterna com o Pai os filhos se encontrarão”.
[Pe. Celso
Nilo Luchi, CR].
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